segunda-feira, 7 de junho de 2010

Unicastelo - Um breve histórico dos acontecimentos

Dia 12 de maio professores e funcionários da Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco – Campus Itaquera, reunidos em assembleia decidiram por decretar GREVE devido ao não pagamento de seus salários do mês de abril e inúmeros direitos trabalhistas que a instituição não vem cumprindo desde 2009, como o não pagamento de 1/3 de férias, 13° salário referentes a 2009, depósito de FGTS desde 2009, além do não pagamento de folha complementar que inclui orientação de estágio e atividades complementares. A greve teve grande adesão, com exceção apenas do curso de odontologia e parcela do de enfermagem.
As tentativas de negociação com a reitoria foram frustradas, visto que esta não se posicionava frente aos fatos, apenas justificativa que o não pagamento dos salários era devido a um bloqueio da conta da instituição, portanto não abriam negociação e tão pouco apontavam um prazo médio para a efetuação do pagamento.


A segunda assembleia aconteceu dia 17/05, na qual foi votada a continuação da greve e encaminhado um ATO para o dia 20/05. Durante esta assembleia houve um pequeno ato de estudantes favoráveis à greve e uma reunião com alguns representantes de cada curso que lá estavam presentes. Nesta reunião foi votado um manifesto dos estudantes em apoio à greve e um ATO unificado com os professores, além de cada curso se responsabilizar em organizar os materiais, faixas, cartazes, para este ato.


Como deliberado em assembleia, dia 20/05 - quinta-feira - aconteceu um grande o bonito ato em defesa da Unicastelo, com carro de som disponibilizado pelo SINPRO e com a presença massiva de estudantes e professores. A concentração aconteceu na frente da Unicastelo e em seguida saímos numa marcha por um trecho do centro de Itaquera.


Dia 24/05 ocorreu a terceira assembléia de professores. A situação financeira da instituição aparentava ser gravíssima, e a situação permanecia a mesma: professores e funcionários sem salário e reitoria se abstendo de dar maiores satisfações. Diante deste cenário, mais uma vez foi votada a continuação da greve. Neste dia, o curso de Direito e Psicologia voltaram às aulas e Odonto oficializou sua não adesão à greve.


A quarta assembléia de professores aconteceu em 27/05 com uma novidade: a participação dos professores dos cursos que não estavam em greve, mas foram a mando da reitoria a fim de votar contra a greve. Uma frustrada tentativa da reitoria em acabar com a greve e importante vitória do movimento grevista: a grande maioria vota pela continuação. Durante esta assembléia, os estudantes fizeram um apitaço na universidade em apoio a greve e, logo em seguida, reunimos todos os estudantes que lá estavam para uma assembléia geral onde foi colocada a importância e urgência de forjar na Unicastelo um movimento estudantil organizado, forte e unificado que apoiasse os professores em sua luta mas também lutasse pelas demandas estudantis. Dessa forma foi convocada uma reunião para o dia 29/05 a fim de discutir e organizar o movimento estudantil.


Sexta-feira, mais novidades: tivemos acesso ao processo que corre na justiça, onde consta várias fraudes e tentativas de burlar a justiça, além de sonegação de impostos e uma dívida multimilionária, logo ficou claro a todos a mantenedora criminosa que gerencia a Unicastelo.


Sábado, 29/05, fizemos uma longa reunião com a presença de cerca de 30 estudantes dos cursos de Letras, Psicologia, Artes Visuais, Geografia, CA de História, CA de Serviço Social e Comissão Pró-CA de Pedagogia. Nesta reunião foram repassados os últimos acontecimentos, fizemos uma análise de conjuntura e formamos algumas Comissões para melhor organizar e articular o Movimento Estudantil, além de marcarmos uma reunião para segunda-feira a noite para discutir a formação dos CAs dos cursos que ainda não tinham.



Segunda, dia 31/05 novos acontecimentos mudaram a pauta da nossa reunião. Fomos informados que no dia seguinte haveria uma reunião em Campos Elísios com um representante do MEC onde iriam participar professores e alunos, e também a viajem de dois professores do Comando de Greve para Brasília para uma possível reunião com o Ministro da Educação, Fernando Haddad. A discussão reafirmou nossa posição diante da situação da nossa universidade: em defesa da Unicastelo, por um ensino de qualidade, nenhuma retaliação aos grevistas, pela permanência de nossos professores, tendo isso como base, construímos uma pauta para levar para a reunião com o representante do MEC, além de definir as pessoas que iriam a essa reunião.


Na terça-feira, aconteceu a reunião do MEC, a reunião em Brasília e o Ato público de esclarecimentos pelo comando de greve e chamada uma reunião dos estudantes para quarta-feira.



Quarta-feira realizamos a reunião com a presença de cerca de 60 estudantes. Num primeiro momento foram feitos os informes relatando as reuniões do dia anterior e alguns esclarecimentos a respeito do processo judicial. Marcamos um ato que vai acontecer durante a próxima assembléia, dia 07/06 e mais alguns encaminhamentos que ficaram ao encargo das Comissões de estudantes.


Importante lembrar que, durante todo esse período agitado e dinâmico, houveram importantes manifestações dos alunos que sairam em apitaço pelos corredores da universidade, conversaram com a reitoria, havendo forte repressão,  alguns alunos que apoiam a greve sofreram retaliação de cursos que não aderiram, e inclusive ameaças de que quem estivesse a frente do movimento iria "pagar o pato".


Aguardamos agora o resultado da assembléia dos professores para discutirmos os próximos passos do movimento estudantil da Unicastelo, que hoje se vê consolidado, organizado e cheio de energia para levar nossas demandas a frente especialmente nos períodos que seguirão o pós-greve e continuar nossa luta em defesa da nossa universidade.

2 comentários:

  1. Parabéns por mais esta demonstração de compromisso com a educação e pela maturidade organizativa que vocês têm demonstrado.
    Um grande abraço a todos.
    Prof. Ronaldo Gaspar.

    ResponderExcluir
  2. Primeiramente, gostaria de parabenizar a todos os estudantes que têm se organizado coletivamente e mostrado à nossa comunidade acadêmica uma enorme maturidade social e política. Há, não tenho dúvida, muitos professores da nossa universidade que poderiam (e deveriam) aprender alguma coisa com vocês. Infelizmente, essa belíssima movimentação vem sendo desprezada por alguns de seus colegas, os quais entendem que reuniões e decisões em assembléia são estéreis e que, portanto, não serão eles a perder tempo com isso. É uma pena que haja quem pense dessa maneira, uma vez que isso revela uma ingenuidade política tamanha (muito provavelmente decorrente de um lamentável desconhecimento histórico) que nos frustra enquanto educadores e, acima de tudo, enquanto cidadãos e membros da mesma comunidade política. Tenho certeza de que, se em vez de se espernear, se desesperar, xingar e reclamar sozinhos, alguns desgostosos com a situação pudessem se organizar para fazer isso em conjunto, ao menos para sincronizar os movimentos das pernas e proferir os mesmos palavrões, seria muito mais proveitoso. Assembléias e reuniões são momentos de diálogo, de exposição de idéias (ao menos para aqueles que tem alguma para expor), de deliberação pública, de preocupação com o interesse geral e não meramente com a sujeira do próprio umbigo; e são, acima de tudo, foro privilegiado da comunhão de forças. Nesse sentido, a história do nosso país e de inúmeras outras nações tem muito a nos ensinar. Ensina a história que tudo é um processo e que nada acontece de um dia para o outro; que as mudanças significativas na esfera social só vêm a ser por conta do confronto e da partilha de ideias e ideais; que o caminho percorrido pela voz e pela palavra transpõe facilmente muros e fortalezas. Como faz bem ler alguma coisa de vez em quando! Quanto se descobre e se aprende! Novamente, parabéns a vocês que se organizam e discutem publicamente suas inquietações e suas propostas – e isso, vale ressaltar, independentemente do que venha ser deliberado pelo segmento que vocês representam. O que mais vale aqui, não só neste momento que vivemos, mas para toda a nossa vida futura, é a consciência da coletividade. É ela que, em última instância, cristaliza e alimenta o respeito pelo nosso semelhante. Creio que todos podem fazer parte disso.

    ResponderExcluir